As estrelas do teu olhar

 

Encosto a cabeça

À sombra do teu corpo.

 

Faço um cigarro com as estrelas do teu olhar,

Enquanto abraço a nudez do teu corpo

Que cresce no espelho da noite,

Escrevo nos teus doces lábios de mel,

 

Tanta coisa que poderia escrever,

Tanta coisa, minha querida…

Que nada escrevo.

 

Pego num pequeno cordel do sono,

E com ele,

Trago o silêncio

E o mar que habita no teu peito,

Depois,

Pego na insónia,

E da insónia faço uma flor

Que poiso na tua boca; uma flor colorida de beijos.

 

Encosto a cabeça

À sombra do teu corpo,

E espero que o nosso mar…

Que todo o nosso mar…

Entre pela janela,

Como entram as estrelas do teu olhar,

Quando abro a janela da manhã.

Tens um coração de oiro 

Talvez seja uma lágrima 

Talvez seja uma outra galáxia 

Onde habitam crianças de luz 

O que dizem os teus olhos, meu amor

O que dizem os teus olhos, quando a Primavera

Não é mais a Primavera,

Quando o vento leva o teu cabelo

Como se ele fosse um poema escrito na noite.

 

O que dizem os teus olhos, quando a tarde

É uma criança vestida de luz,

Quando da tarde, emergem os teus olhos

No silêncio do beijo.

 

O que dizem os teus olhos, quando

Os meus olhos os olham, e os desejam

Nas estrelas da manhã,

 

O que dizem os teus olhos, o que dirão os teus olhos

Quando eu te roubo o sono…

E imaginas-me crucificado na parede do teu quarto.

 

És o meu poema, o meu esconderijo nas noites de insónia,

És a luz que me guia dentro deste túnel frio e distante e escuro, que às vezes, sinto medo…

És o meu poema e tens os lhos mais lindos de todo o universo, da galáxia, ou de um outro mundo.

 

És o meu poema,

És o meu verso que apenas os teus lábios sabem ler…

E calam-se, e nada dizem a ninguém.

És o meu livro, e que livro…!

És o poema,

O esconderijo…

 

E só nos teus braços existem flores em papel.

Os teus olhos, meu amor

 

Hoje não vi os teus olhos, hoje não vi o silêncio estrelar dos teus olhos, que às vezes até parecem os lábios do mar,

 

Os barcos, meu amor, os barcos brincam no teu cabelo como se fossem crianças de sorriso na boca,

De mão dada.

 

Hoje não vi os teus olhos, e talvez fique triste, hoje, hoje não vi a alegria clementina dos teus olhos, quando a Primavera se ergue do branco areal dos teus lábios.

 

Talvez amanhã, meu amor, talvez amanhã veja os teus olhos!

 

Hoje a manhã não tem o sorriso dos teus olhos, e quão triste vai ser a manhã sem a alegria dos teus olhos…!

Aos teus lábios

 

Aos teus lábios

Lanço as minhas palavras em desejo,

Enquanto o mar

Se alicerça nos teus cabelos.

Aos teus lábios

Ergo os meus beijos

Como se fossem pássaros de amar

Ou canções de Primavera.

Acordar

 

(para ti)

É tão lindo, meu amor, é tão lindo o teu sorriso

Quando invade a manhã,

São tão lindos, meu amor, os teus olhos em pedacinhos de estrelas

Voando sobre o sorriso do mar.

 

São belos, meu amor, são belos os teus cabelos balançando na sonolência do vento, escrevendo na insónia o silêncio de um pequeno desejo,

De um pequeno momento.

 

São tão frágeis, meu amor, as tuas mãos de fada

Acariciando a alegria de uma criança

Quando vê pela primeira vez o mar.

 

São tão finos os teus lábios, meu amor

Tão finos e tão belos como quando a noite tem luar

E quando dos teus lábios acorda um beijo.

 

Um BOM DIA fica sempre bem e cabe em todos os lugares…!

Hoje, meu amor

 

Hoje, meu amor, hoje nada tenho para te escrever, a não ser, que o meu dia vai ser muito longo, muito cansativo; que o meu dia começou às 03:20 da madrugada, e talvez só termine por volta das 23:00 horas…, se terminar.

Hoje, meu amor, hoje nada tenho para te escrever, a não ser, que o faço por ti, e por todas as flores do nosso jardim.

 

Hoje, hoje serei tudo aquilo que tu quiseres,

Tudo?

Hoje serei o teu poema, hoje serei a sombra onde poisas o teu cabelo, logo que começa a manhã

Hoje serei o vento que levitará o teu cabelo em direcção ao poema, que te escrevo, mas hoje não, meu amor, hoje estou muito cansado.

 

Hoje, hoje serei a luz que te iluminará nesta viagem até ao mar, hoje serei o teu pôr-do-sol, sabendo eu, que por essa hora, estarei encerrado dentro de um cubículo na companhia de outros cubículos, com janelas para um cubículo maior…

 

E, no entanto, meu amor, no entanto não me queixo da ausência de um abraço, no final do dia, no começo da noite, quando a penumbra é apenas uma vogal nos teus lábios.

 

Hoje, hoje serei tudo aquilo que tu quiseres,

Tudo?

Hoje serei o teu silêncio mergulhado nas primeiras lágrimas da manhã, hoje, hoje serei a flor que te recordará a saudade, quando a saudade era apenas uma palavra, e hoje, hoje a saudade é uma magnânima alvorada sem tempo para amar…

 

Hoje, hoje serei…!

As cerejas dos teus lábios

Os teus lábios são cerejas

Que todas as manhãs semeiam a madrugada,

São estrelas desejadas,

Os teus lábios são cerejas

Que fingem adormecer na alvorada,

Os teus lábios são cerejas

Quando a palavra é um pedacinho de nada…

E do beijo

Emergem as lágrimas do luar…

Os teus lábios são cerejas,

São a janela do teu sorriso,

Os teus lábios são cerejas filhas dor mar.