Hoje, meu amor

 

Hoje, meu amor, hoje nada tenho para te escrever, a não ser, que o meu dia vai ser muito longo, muito cansativo; que o meu dia começou às 03:20 da madrugada, e talvez só termine por volta das 23:00 horas…, se terminar.

Hoje, meu amor, hoje nada tenho para te escrever, a não ser, que o faço por ti, e por todas as flores do nosso jardim.

 

Hoje, hoje serei tudo aquilo que tu quiseres,

Tudo?

Hoje serei o teu poema, hoje serei a sombra onde poisas o teu cabelo, logo que começa a manhã

Hoje serei o vento que levitará o teu cabelo em direcção ao poema, que te escrevo, mas hoje não, meu amor, hoje estou muito cansado.

 

Hoje, hoje serei a luz que te iluminará nesta viagem até ao mar, hoje serei o teu pôr-do-sol, sabendo eu, que por essa hora, estarei encerrado dentro de um cubículo na companhia de outros cubículos, com janelas para um cubículo maior…

 

E, no entanto, meu amor, no entanto não me queixo da ausência de um abraço, no final do dia, no começo da noite, quando a penumbra é apenas uma vogal nos teus lábios.

 

Hoje, hoje serei tudo aquilo que tu quiseres,

Tudo?

Hoje serei o teu silêncio mergulhado nas primeiras lágrimas da manhã, hoje, hoje serei a flor que te recordará a saudade, quando a saudade era apenas uma palavra, e hoje, hoje a saudade é uma magnânima alvorada sem tempo para amar…

 

Hoje, hoje serei…!