não sei, meu amor, se os rios correm para o mar
não sei, se os rios sobem
a montanha
não sei, meu amor, se os
rios se escondem na lua
na maré
se os rios se escondem
nos rochedos
não sei, meu amor, se os
rios se chamam de rio
ou se os rios têm um
outro nome
não sei se os rios são o
silêncio
ou se apenas
os rios são a espuma do
desejo suspensa no teu corpo
Beijava-te
como se os teus lábios fossem uma folha
de papel
tão fina e tão transparente como os teus
olhos.
Beijava-te
Oh manhã do meu acordar
e chamo o beijo
e o teu beijo perde-se no medo de amar.
Beijava-te
sem medo eu de te beijar.
Saudade das flores em sorriso
das árvores vestidas de silêncio
saudade dos pássaros nocturnos do teu
olhar…
Saudade dos teus lábios de mel
e dos teus olhos de mar.
Saudade das palavras acabadas de nascer
saudade dos rios
que correm para o mar
sem o saber.
Saudade das estrelas
quando a noite é um poema
e o dia se evapora na mão do poeta.
mulher mãe
sem tempo para ser mulher
mulher guerreira
que luta
labuta
e não tem medo da insónia
mãe mulher madrugada
do escuro faz uma enxada
com a lua constrói a
liberdade
mulher mãe
sem medo de ser mulher
sem medo de ser mãe
silêncio cor azul anjo
estrela em teu olhar
luar em lua teus lábios
teus lábios de mar
nua a maré ao cair a noite
anjo azul
nas lágrimas do sol
quando o centeio seara adamastor
leva a menina luz
às mãos de uma flor
Princesa, seu cabelo mais loiro do que a seara
seus olhos, princesa, mais estrelas do
que o céu
princesa menina, princesa criança
mais bela e mais linda
do que a manhã de Primavera.
São marés de espuma
são as ausências do meu
corpo
são as flores do teu
cabelo
quando o mar me pertence
e só meu
escondo-o na mão.
São estrelas, são
feitiços os teus lábios
são presépios de luz
sobre os plátanos da
avenida…
São o pôr-do-sol os teus
olhos
que se afastam dos meus
olhos
quando o dia é Primavera.
entrelaço os meus dedos
nos lábios teus dedos
acaricio os teus lábios
com os lábios meus lábios
onde escrevo,
amo-te
Aqui, aqui me esqueço
aqui fico suspenso entre
a chuva e a lua ensonada
aqui estou, aqui
permaneço imprevisível
longínquo e só
aqui, aqui escondo
palavras, traços embriagados pela noite
aqui, ausente de tudo
de ti.
Aqui, indivisível, na
ânsia de conquistar a maré
só
com a minha mão.
Aqui, aqui estou,
sentado, olhando pela janela o caos
de viver
ser
só.
Aqui, aqui são simples as
noites
não tenho estrelas no
tecto da minha alcofa
também não tenho o zimbro
incenso a arder sobre mim
e aqui, aqui desespero
pela chegada do outro livro de poemas
também ele
só
aqui.
Quero-te, pedacinho de silêncio
flor-cor quando acorda a
manhã
e á Primavera nos teus
olhos.
E é Primavera de te
querer
nos teus lábios
e é Primavera no teu
cabelo
de te querer porque te
quero…
Quero-te, pedacinho de
silêncio
nesse mar que transportas
no olhar
de te muito te querer
de te muito te amar.
Quero-te.
Quando a ausência é mais pesada do que o corpo
Quando a chuva é mais
transparente do que o medo
Quando o amor é mais flor
do que qualquer flor
No silêncio de amar
Quando a noite é mais
paixão do que o desejo da tua boca
De me gritar
(VAI EMBORA
ODEIO-TE)
Quando o vento é mais
cabelo do que o cabelo ao vento
Quando…
Quando um livro é um
poema
E um poema
É um beijo
Uma esquina de luz incendeia a noite
Escura de ti
Ausente de mim
Este martírio de viver
De ser
Assim
Há uma voz de mulher a
escrever na sombra
O poema do adeus
Adeus sempre que acorde
Uma estrela
Nada faz sentido
Viver, não faz sentido
Dormir muito menos
Faz sentido
Uma esquina de luz
incendeia a noite
Escura de ti
Sem uma única janela
Nem um olhar teu, um só
Como são distantes as
flores do teu cabelo
Quando a manhã é apenas
uma folha de silêncio
Nos teus lábios
PRECISO DE UM ABRAÇO, TEU
PRECISO DE UM OLHAR, TEU
PRECISO DE TI UMA
QUALQUER PALAVRA
MESMO QUE SEJA
ODEIO-TE
HOJE
espero-te logo que termine a noite
espero-te junto ao cais
pertinho do céu
espero-te logo que
termine a noite
espero-te para desenhar
um abraço
no teu olhar
espero-te
o teu corpo é uma árvore florida, é a manhã incendiada
o teu corpo é espuma, é
vida
que se espalha na
madrugada
o teu corpo é rio, é
jangada
que voa nos lábios da
geada
o teu corpo é a noite
vestida de Primavera
o teu corpo é uma flor
que dança nas mãos do
vento
(daqui)
daqui, vê-se o mar
daqui, sinto o perfume do
vento teu cabelo
ao vento
do teu cabelo, os meus
dedos se perdiam
dos teus braços, os meus
braços sentiam
os teus abraços
daqui, vê-se o mar
daqui, consigo ver os
teus olhos
aqui, pertinho do mar
que se vê
daqui