segunda-feira, maio 20, 2024

Meu amor, despeço-me das palavras

Meu amor, despeço-me das palavras, com palavras, despeço-me dos riscos, com mais riscos, até que as palavras e os riscos, desaparecem ao começar a noite.

Despeço-me das palavras, porque as palavras não ficam bem a um homem, que devia ir à missa todos os domingos. Que devia fazer tudo aquilo que outros querem que ele faça, mas que nunca o fará.

Por isso, despeço-me das palavras.

Que devia comer pelo menos um prato de sopa ao almoço.

Que em vez de escrever poemas, faça uma outra coisa qualquer, porque poemas não pagam contas.

Que desfaça a barba diariamente.

Que não leia, nunca, poesia.

Poesia, não.

Meu amor, despeço-me das palavras, com palavras, despeço-me dos riscos, com mais riscos, até que as palavras e os riscos, desaparecem ao começar a noite, e não fiques triste, por eu não te escrever, mais palavras.

Meu amor, despeço-me das palavras…

Com as minhas palavras!

Os pobres, são eles

Pobres, nós não somos pobres

Pobres são aqueles que acreditam que se somos pobres,

Mas os pobres, são eles.

 

Pobres são aqueles que nos humilham, e ferem, e magoam…

Só porque acham que somos pobres, e que têm o direito de o fazer.

 

Não. Nós não somos pobres.

Somos livres, de amar.

Somos livres, de pensar e de voar.

 

Porque não somos pobres…

Esquecer

Esquecer-te, eu quero

Esquecer-te, eu preciso

De te esquecer da noite,

Antes que a noite

Se transforme num inferno de laranjeiras.

 

Esquecer

Esquecer-te, eu quero

Não amar-te…

Na metáfora dos teus lábios…!


Hoje é o dia Mundial das abelhas. As abelhas dão mel, os teus lábios, são lábios de mel…

Logo hoje, é o dia Mundial dos teus lábios.

O teu cabelo

Tudo cai até às sílabas horas da manhã.


O teu cabelo é um verso
Que se veste de luz
Quando estamos sós.
O teu cabelo é uma lágrima
Nas mãos do mar
É uma rosa púrpura
No silêncio do teu olhar.


Tudo cai sobre mim...
Excepto o teu cabelo.

arte inacabada… e sem nome

 


Às vezes

Às vezes, precisamos de um abraço,

Às vezes, precisamos que nos oiçam,

Às vezes, estar só não é um martírio, é uma bênção,

Às vezes, precisamos, e à nossa volta, nada temos…

Noite

Se o escuro é uma lâmpada,

Se a noite é uma esplanada, sem janelas

Se a flor é negra, e nas suas pétalas tem um coração de areia

Se a fome é o pão, se o poeta é uma canção, é um poema

Se o dia é tão triste, se os teus olhos são lume sobre a manhã

Se as tuas mãos são rosas com lágrimas de sangue

E a noite foi um martírio.

Pássaros de papel

 

Eram pássaros de papel
Eram migalhas de luz
Eram os teus olhos
Na voz do silêncio,

E que o teu silêncio seja um desenho
Uma árvore de espuma
Que o mar rejeita
Que o mar não tem janelas para o rio,

Eram as estrelas da paixão
Eram sítios de mão livre
Eram pássaros de papel
Eram pássaros que não tinham a madrugada,

Eram pássaros de papel
Que nos olhos tinham o luar
Que nos olhos escondiam uns óculos escuros
E nas mãos traziam o fogo.

domingo, maio 19, 2024

Penso em ti

Se a cada vez que penso em ti uma estrela se apagasse no céu 

O céu era a escuridão.

Se a cada abraço que eu desejo teu uma pequena lágrima se desprendesse do céu 

Os dias eram tristes e chuvosos.

Se a cada momento que imagino os teus olhos nos meus olhos 

O meu olhar fosse o fogo

Eu já estaria cego de tanto imaginar,

E não podia olhar os teus lindos olhos.


Se a cada silêncio 

Eu tivesse o silêncio dos teus lábios... nos meus lábios 

Eu era o poeta mais feliz deste labirinto.


Desejar-te e sonhar-te

Desejar-te ficar nos teus braços 

Desejar-te acariciar o teu cabelo de oiro 

Que esconde o vento,

Que és o meu segredo...

Que és o meu sonho 

De desejar-te sem ter medo de o desejar.


Fica, meu amor

 

Fica, meu amor

Não fujas da minha noite

Não queiras pertencer às sombras dos meus versos

Fica, não te escondas na minha mão

Parecendo uma flor fragilizada e sem pátria e sem pétalas,

 

Fica, meu amor

Não desapareças do meu infinito amar-te

Quando o mar dos teus olhos

São as estrelas da minha partida...

Fica, meu amor, fica na minha noite.

VIII Festival Literário de Bragança


Vou estar presente na apresentação da obra "Palavras de Liberdade - 50 anos d'Abril", onde participo. 

SEGREDO

SERES O MEU SEGREDO

NO AMAR-TE LOUCAMENTE

NESTE MEDO

DE TER MEDO PERMANENTE

Corpo oceano

 

As horas morrem neste comboio de espuma
Desastre amanhecer das primeiras lágrimas do silêncio
Onde procuro o meu corpo oceano
Aprisionado às sombras neblinas do teu olhar,

A vida é um carrossel de mentiras
Pedacinhos de luz que partem para o infinito
E eu sou apenas uma palavra
Na boca dos pássaros,

O meu relógio é o veneno da madrugada
É o incêndio poema nos olhos do mar
É pedra lapidada
Antes que termine a noite,

E quando a noite me pertence
Eu pareço um triste poema
Nas larvas da areia salgada
Sem saber o teu nome.

 

 

Ribadouro, 19/05/2024

todas as noites

A todas as noites te procuro, a todas as noites, finjo 

Que te encontro e acredito que te beijo,

E acredito que te tenho, não te tendo.

A todas as noites, te procuro.


A todas as noites te procuro, a todas as noites, finjo 

Que pego na tua mão, e que escrevo no teu corpo, com os meus dedos.

E com os meus lábios, escrever no teu pescoço,

Amo-te,

Finjo que te tenho, não te tendo,

A todas as noites que te procuro.


sábado, maio 18, 2024

Amar-te

Bebo, agora, este uísque onde procuro os teus lábios, de os poder abraçar com os meus lábios,


E beijar o teu sorriso.


Estou completamente só como estava há 37 anos atrás, no dia em que assentei praça, em Lisboa, Belém, 18 de Maio 

E 36 anos que faleceu o avô Domingos, gostava tanto dele!

E na altura estavam junto a mim mais de 300 camaradas, e eu sentia-me o soldado mais só, de todos os soldados.

Dormi. Não sonhei nessa noite e seguintes, tinham-me roubado os sonhos, e as árvores do quartel, em Maio, não tinham folhas nem tinham pássaros,

Para mim, uma tragédia.

Estava completamente só...

Como hoje, enquanto saboreio este uísque e fumo os poucos cigarros que tenho.


Oiço o Oceano Pacífico da RFM, já na altura tinha começado a ouvir, e 37 anos depois, continua o mesmo Oceano, tranquilo e calmo.

Dá para sonhar.

Hoje, o meu sonho, aportar nos teus braços os meus braços, ler-te poesia, o quante baste, porque em exagero, também não é conveniente...

E amar-te!

Sem medo de te amar,

Porque tenho muito medo de te amar.


Penso em ti

Enquanto manuseio este livro onde te escondes durante a noite 

Penso, e em que penso 

Se apenas penso em ti.

Penso nesse jeito desajeitado de seres,

De seres a rainha da simplicidade,

És tão simples que até me fascino 

De seres uma flor tão linda 

Singela,

De apenas seres, tu.


Enquanto manuseio este livro onde te escondes durante a noite 

Penso, mas será que deva perder tempo a pensar?

Que de tolo tudo tenho, e em cada uma das minhas mãos,

Existe uma pedra-pomes triangular, completamente só,

E existe um pedaço de sono, também ele, completamente, só...

E enquanto te escondes nos meus livros, oiço o silêncio do teu cabelo, solto e envolto de oiro,

De apenas seres, tu.


Amo esse jeitinho de o seres; a mais simples de todas as estrelas simples.


O silêncio do teu olhar

 

Bebo dos teus olhos
O silêncio desejar-te
Ó meu amor
Quando te procuro na noite
E na noite
Apenas encontro a tua sombra vestida de insónia.

Bebo dos teus olhos
A alegria do meu beijo
Quando os teus lábios desenham borboletas
Na luz do paraíso.

Bebo dos teus olhos
A cânfora manhã que ainda não acordou
Nas estrelas que já não são árvores
Com estrelas e folhas e amar-te
Bebo dos teus olhos...
O silêncio do teu olhar.

Oceano desejar

Desenho no teu corpo oceano desejar 

Flores de primavera amanhecer,

Vento rosas de amar 

No amar do teu viver.


Desenho no teu corpo meu amor 

Palavras de eterno acordar,

São palavras em flor 

Em flor eu te amar.


Pétalas flor do meu jardim

 

Estão tristes as palavras do meu jardim,
Estão tristes os pássaros poema do meu jardim.
Estou triste, hoje,
Como está o meu jardim.
Escrevo na ânsia que leias as pétalas flor do meu jardim...
Mas tenho a certeza que não lês nem te interessam as pétalas flor do meu jardim.

Também fico triste, por não te interessarem as pétalas flor do meu jardim,
No entanto,
Não desisto das pétalas flor do meu jardim, mesmo que odeies as pétalas flor do meu jardim.

arte...

 


quinta-feira, maio 16, 2024

Princesa

Meu amor, princesa da minha nocturna insónia
Gladíolo solar dos teus olhos
Minha partida é um sorriso
Nos teus lábios
Dos teus seios, meu amor.

O imenso mar
Meu amor, as estrelas são soldados de luz
Em direcção á lua,
E amar-te é uma lágrima que não tem janelas...
É um rio de mouro para o teu corpo
Todo ele disfarçado de livro
Nas mãos do poeta.


saudade

não fiques triste, com a minha tristeza

tudo passa, a fome, passa, a tristeza, também vai passar…

mas as saudades, essas

essas nunca vão passar

Dia

Alegria, se eu a tivesse,

Não sei o que fazia,

Quando não tenho alegria,

E a tristeza,

É o meu dia.

quarta-feira, maio 15, 2024

Noite secreta

Aqui, quando a noite é secreta

E tenho de ir ao outro mundo

Buscar os teus lábios ao mar.

Aqui, quando a noite é maresia

Nas tuas mãos donzela

Uma espingarda de luz

E disparas contra mim,

As primeiras lágrimas da manhã.

Aqui, quando a noite é um cobertor de insónia

E voa sobre a seara do teu cabelo...

Sem perceber que a noite é paixão.



 

um pouco de humor...

 


Dóceis, os teus lábios de mel

 

Dóceis, os teus lábios de mel
se nas mãos tens pedras
para me apedrejares
se nos olhos tens o lume
para me incendiares.

Dóceis, os teus lábios de mel
se na boca tens palavras
para me humilhares
se no cabelo tens o vento
para me acorrentares
à noite.

Dóceis, os teus lábios de mel
se no sorriso tens a insónia
para lançares na minha noite
a noite anterior.

O que somos, então?

O que somos, quando não somos

Aquilo que somos

Quando querem que sejamos

Ou quando somos menos aquilo que queremos ser

E eles, querem que tu o sejas.

 

Não quero ser, aquilo que não possa ser

E se somos alguma coisa sem o saber

Que seja breve, o ser

E o saber

E o beber.

 

E já agora, que seja breve

O morrer.

O que somos, então?

Somos pedra,

Somos pão,

Somos migalhas…

Perdidas no chão.

 

O que somos, quando não somos

Aquilo que somos,

 

E confundem-te com uma borboleta com bolinas encarnadas… nas asas.

O meu corpo

O meu corpo é um farrapo de insónia

os meus ossos são pedaços de tristeza, que voam sobre as lápides da madrugada

o meu corpo gagueja, inventa manhãs de alegria, em palavras

ou em outras madrugadas

o meu corpo é um farrapo mergulhado na dor

é uma estrela negra, e fria

e não vê os sapientes da noite.

 

O meu corpo é um líquido comestível, ou bebível

ou apenas poético.

O meu corpo é uma charrua que lavra o vento

quando a chuva cai na eira de carvalhais.

O meu corpo…

Não, eu já não tenho corpo.

Sem ti, um poço de silêncio debaixo do mar…

 

A LUZ.


terça-feira, maio 14, 2024

O Grito

Podia ser este, O Grito de Edvard Munch, mas não, é apenas um esconderijo.

Quero esconder-me e preciso de gritar; mas se me esconder e gritar, corro o risco de ser encontrado,

Posso ficar apenas, escondido

Sem gritar.

E nesse caso, provavelmente, não serei encontrado.

Podia ser este, O Grito, podia ser O Tambor de Gunter Grass. E mesmo assim, se me esconder, não poderei tocar no tambor.

Preciso de me esconder, e de gritar, e de não ser encontrado…

Sempre que uma nuvem abraça o sol.

Se o mar for apenas uma palavra…

 

Se o mar for apenas uma palavra
Se o mar for um desenho sobre a cidade
Se o mar não está envergonhado mas tem uma porta aberta para o abismo
Se o mar for um outro instante no silêncio...

Se o mar está longe do pôr-do-sol

Tudo isto é;

Maldição.

 

Aos poucos, ergues-te, e logo em seguida, já estás no chão…

Assim fica difícil lutar e acreditar…

E a única solução é desistir.

Sim. Desistir.

(assim eles e elas ficarão felizes e contentes)

 

Ribadouro, 14/05/2024

segunda-feira, maio 13, 2024

Teu doce olhar

Teu doce olhar

Teu mel em teus lábios de amanhecer

Teu corpo meu mar

No mar me vou esconder.

 

Teu doce olhar

Na floresta prometida

Em teu meu luar

Outro luar há em partida.

 

Teu doce olhar das manhãs floridas

Os teus olhos são estrelas de silêncio anoitecer

Sobre um campo de margaridas,

 

Teu doce olhar em teu mel de colmeia sonhar

É tão triste não ver

Os lábios do mar.

O teu nome

 

O teu nome se escreve na madrugada,
Como se fosse uma palavra,
Ou uma lágrima,
Como se fosse um luar
Só, na areia da praia.

O teu nome, qual é o teu nome de todos os nomes da alvorada?
O teu nome, na terra semeada,
Não sei o teu nome...
Mas sei que tens um rio no sorriso,
E no sorriso, um nome que não sei.


Ribadouro, 13/05/2024