Meu amor, despeço-me das palavras, com palavras, despeço-me dos riscos, com mais riscos, até que as palavras e os riscos, desaparecem ao começar a noite.
Despeço-me das palavras, porque as
palavras não ficam bem a um homem, que devia ir à missa todos os domingos. Que
devia fazer tudo aquilo que outros querem que ele faça, mas que nunca o fará.
Por isso, despeço-me das palavras.
Que devia comer pelo menos um prato de
sopa ao almoço.
Que em vez de escrever poemas, faça uma
outra coisa qualquer, porque poemas não pagam contas.
Que desfaça a barba diariamente.
Que não leia, nunca, poesia.
Poesia, não.
Meu amor, despeço-me das palavras, com
palavras, despeço-me dos riscos, com mais riscos, até que as palavras e os
riscos, desaparecem ao começar a noite, e não fiques triste, por eu não te
escrever, mais palavras.
Meu amor, despeço-me das palavras…
Com as minhas palavras!