Amo-te a cada segundo deste relógio que
apelidam de desejo…!
Entre a espada e a parede
Sou o dono do mundo
Sou passarinho
Sou a nuvem
Sou a sombra da tarde em despedida,
Visto-me de anjo
E voo sobre o teu olhar
Sou o silêncio
Do silêncio do te mar,
Entre a espada e a parede
Sou sem-abrigo
Mendigo
Imundo…
Entre a espada e a parede
Assim habito neste mundo.
Preciso tanto de perceber os teus olhos, meu amor, que são estrelas moleculares e ausentes do sistema nocturno da insónia,
Preciso, tanto, preciso
tanto de perceber os teus olhos que acorda a noite e sobre mim, poisa uma fina
língua de fogo, que traz escrito o teu nome, e o teu nome pertencerá às flores
da Primavera.
Peço à noite
Que deixe cair o luar nos
teus lábios
E que às estrelas do teu
olhar
As guarde junto ao peito,
Peço à noite
Que seja sempre a noite
Da noite que nos esconde
À noite de quando
sentados junto ao rio…
E digo à noite
Que nos proteja de todas
as noites
Das noites de poesia
Às noites em desejo.
(para ti)
Em pleno voo sobre as cidades da ausência
Esta mão poisada nos teus
lábios
E enquanto procuro o
amanhecer do silêncio
Há uma estrela que me
guia para esta caminhada,
Há-de regressar a alegria
ao teu cabelo de oiro
Jóia da manhã dos
primeiros olhares
Que deixou a noite
Junto ao sorriso,
Em pleno voo
Da cidade esculpida pelo
desejo
Que a solidão se disfarce
de flor
E a flor se deite na tua
doce boca,
Depois
Abraço-te e sinto o teu
corpo
(que o vento o quer
levar)
E sinto o teu corpo em
pedacinhos de sono
Desprovido das leis da
gravidade e de todas as leis da física…
E abraço-te enquanto o
Universo se esquece de nós.
O que esperar, do teu amor, quando o teu amor é uma flor, transparente e loira, como a simples manhã de Verão.
O que esperar deste sítio
de onde não vejo o mar, de onde chegam a mim, as lágrimas apenas do mar. O que
diria a minha mãe, se me visse, aqui, sentado…
Uma tragédia.
A espera…
O que esperar, do teu
amor, quando o teu amor é uma flor,
É uma flor tão bela, na
espera
O que esperar, hoje,
deste triste Domingo, ausentado das diferentes sombras que abraçam o dia.
O que esperar, eu, aqui
sentado,
Quando o esperar, é o
silêncio engasgado neste Domingo, triste, só.
Menina
Menina Deusa do mar
Menina das palavras
E das noites em luar,
Menina em poesia
Que acorda a cada
amanhecer,
Menina do meu dia
E do meu viver.
Menina
Menina madrugada
Rabisco que acorda o
vento
Menina…
Menina das manhãs em
construção
Que se esconde no
pensamento
Que se esconde dentro de
um pobre coração,
Menina
Mãe de menina…
Menina do meu acordar,
Menina dos lábios de mel
E de sorriso no olhar.
Desenho um abraço
Em silêncio abraço
Nos olhos da Lua
Dos olhos do mar,
Escrevo um sorriso
Nos lábios do Sol,
Em silêncio sorriso…
O abraço desenhado,
Nos olhos da Lua…
Desenho o tempo
Em perfeito juízo
O abraço desejado
Do abraço prometido
Sentido…
Na fimbria madrugada,
Desenho o poema
Do sofrido poema
Nos olhos do mar
Em silenciado sorriso…
Deste poema amargurado
Triste…
Neste poema sem sentido
Quando da noite…
O silenciado abraço,
Morre…
Nas mãos do Luar.
Às vezes, penso, penso em
como será a derivada do teu olhar
Às vezes, penso
Penso em como será a
liberdade dos teus lábios,
Ou a integral tripla de superfície
do teu cabelo.
Às vezes, penso…
Penso em como será a raiz
quadrada dos teus beijos,
Às vezes, às vezes,
penso,
Penso em como será
resolver a equação diferencial das tuas mãos…
Isto é, se algum dia eu
for capaz de resolver a equação diferencial das tuas mãos.
Não consigo esquecer-te,
e também não sei se quero esquecer-te ou simplesmente, recordar-te.
As palavras crescem na
minha mão
E lanço-as na página
cinzenta da noite.
O cansaço é tanto, o meu,
que esquecer-te seria uma tragédia, no entanto, entre o cansaço e o
esquecer-te, prefiro o desejar-te.
O poema ganha vida, tem
corpo
Tem flores no sorriso,
O poema depois de escrito…
Procura-te e espera-te
neste pequeno espaço literário…
As palavras vão para
outra cidade,
Sentam-se junto ao rio,
E dançam até que acorde o
dia.
E se por alguma razão não
houver dia, será
A noite
A tempestade das palavras
perdidas.
amo-te. oh sublime manhã dos silêncios,
sonolência canção nas margens do teu peito,
que tu sabes que eu te amo, em cada
verso, em cada olhar… seja noite, seja dia, seja o vento
que baloiça no teu cabelo.
que seja o mar. amo-te.
oh sublime manhã dos silêncios, fraga,
ferro, dor ou fogo, sufoco delírio do chocolate derretido nos teus lábios,
quando o mar dos teus olhos,
voa ao encontro do primeiro sorriso de
primavera.
oh sublime manhã dos silêncios, que eu
queira desejar-te, desejando-te a cada novo desejo, amo-te, que seja o luar.
que seja o mar.
Esqueço-me dentro deste contentor de
insónia, apago a luz da vida, fecho suavemente os olhos, imagino um pássaro, um
pássaro no teu cabelo, solto no limbo do vento.
Esqueço-me que pertenço às pedras da
montanha, esqueço-me junto a esta ribeira, debaixo da ponte, esqueço-me na
página deste poema, deste pequeno verso
Esqueço-me que da noite recebo flores do
teu olhar,
Esqueço-me que quando abro a janela, à
janela estás, sentada a olhar-me.
Esqueço-me que os teus olhos são tão
lindos, e têm o mar no seu interior.
Esqueço-me que sou uma árvore triste com
medo de voar sobre o mar, esqueço de como é o mar, que já foi meu.
Esqueço-me, meu amor, do timbre do
silêncio.
Andorinha no seu olhar, quando a cânfora
manhã se despede da casa, fria, nua,
Ausente.
Andorinha no seu olhar, que vagueia
docemente sobre a fina areia da saudade.
Andorinha, meu amor, são lindos os crisântemos
dos teus olhos,
Quando a chuva é uma lágrima de desejo.
Desejo-te, sabendo que o teu desejo por
mim, se resume apenas a um pobre tolo, que sou eu, caminhando, só, pela praia
da sua infância.
Andorinha no seu olhar,
Beijo doirado na espuma dos dias, quando
as manhãs são um inferno de tédio, e de medo, e de ter-te, nos meus dedos.
Andorinha no seu olhar, meu amor…!
Castedo, 19/06/2024
MIDNIGHT LADY,
Uma estrela se veste de menina,
E uma menina, se esconde no sorriso, de uma estrela.
Uma estrela me diz, que me odeias, e mesmo assim, escrevo,
aqui, coisas, sem nexo, sem sentido.
E mesmo assim, oiço as estrelas…
não sei, não sei se o teu lindo sorriso
de hoje se deve à minha presença ou se também andarás, tal como eu, a fumar
pétalas de rosa.
não sei, mas adoraria saber a que se
deve esse tão belo encantamento…!
a minha presença não é certamente o motivo
do teu sorrir…
só podem ser as pélas de rosa!
A pedra do amor
veste-se de pisa-papéis
e calca a solidão
dos versos sem nome
dos poemas em construção
que morrem
que morrem na manhã de ti
debaixo dos livros sobre a secretária do
medo
uma pedra
com coração de prata
uma pedra cansada
com lábios de cereja
e mãos de lata
uma pedra sentada
junto aos sete pecados mortais
antes do pequeno-almoço
a pedra do amor
em migalhas
nos cortinados da esperança.
Um corpo arde da penumbra noite de literatura
e
da lareira dos livros vêm as marés com espuma de sémen
que
as nuvens de amianto transportam sobre os cofres nocturnos da insónia
há
intensas fogueiras de incenso sobre o teu ventre adormecido
pelo
cansaço vómito do prazer,
Acordaste
puxando as encostas montanhas de rochas em intranquilos momentos
e
poeirentas mangueiras de planícies pintadas de amarelo com bolinhas azuis
pensavam
que eram o céu
e
apenas as vírgulas no final de um texto escrito por ti
quando
ainda conseguias alimentar as labaredas do amor,
Ardias
por dentro
e
fingias habitar como cubos de gelo
num
copo de uísque sobre uma mesa-redonda com pernas de aço
e
dizias-te filha eterna do sono
e
ardias nos meus braços de mogno importado do além...
Um
corpo o teu corpo em mim semeado
ardemos
os dois corpos dentro de um amontoado chiqueiro de cobras com lâmpadas de
iodo...
havíamos
de descobrir o medo
havíamos
de descobrir o amor proibido e peneirento
do
peneireiro de asas abertas com destinos infantis e sons de orangotango em cio,
O
rio e a cidade dos corpos que ardem
em
ti
de
mim sabendo que amanhã deixarei de ter palavras para escrever
e
muitos deles
felizes
por saberem que amanhã... eu e tu... somos cinzas esquecidas na lareira da
poesia...
Volto a ser o poeta,
O eu sensível, que chora quando vê uma
criança chorar.
Volto a ser o poeta que adora flores, que
vê nas pedras um certo encanto, um certo jeitinho de viver.
Volto a ser o poeta e liberto-me de
todas estas equações, que de nada me servem, a não ser
Que a poesia se transforme num armazém,
e o poeta, tenha de controlar os stocks; tirando isso…
Volto a ser o poeta, o poeta que tem
lágrimas, o poeta que ama e que tem muitos sonhos…
Volto a ser o poeta,
O eu sensível, que chora…
Como choram as flores antes de acordar o
dia.
Amanhã seremos três poemas
Dentro de um livro de memórias.
Amanhã seremos o céu pedindo clemência a
deus,
Esquecendo-se o céu, que deus pouco
trabalha nos dias de hoje.
Amanhã desenharemos o beijo na alvorada,
Amanhã vamos pintar as estrelas de cor
coragem,
E de acreditar,
Que amanhã seremos só nós.
Amanhã vamos voar sobre o mar
Das floridas marés de Primavera,
Quão lindas, estão as flores do teu
cabelo…
Que amanhã será vento, será veneno nos
meus lábios.
Amanhã seremos três poemas
Em liberdade pela seara adentro. Amanhã.
Um pedaço das minhas mãos é o sono disfarçado de manhã
O outro pedaço é o poema que alguém tem no olhar
As amêndoas com chocolate têm pequenos segredos nos lábios
Como se eles fossem pinceladas madrugadas.
A noite começa a erguer-se por entre os arbustos
E os teus olhos dizem-me que não dormem as borboletas porque
Estão apaixonadas. Também as algas estão acordadas.
A noite é secreta,
Como secreto é este deus que sacode as árvores com o olhar
E tão secretos são os pássaros que brincam neste copo de uísque
Antes que acorde a insónia.
E são estes dois pedacinhos de mão que te escrevem
Com o lápis do luar. E meu amor...
Acredita na minha poesia.
Podíamos ser livres,
podíamos ser pássaros, que voam de mão dada
Podíamos ser o beijo,
esquecido nos lábios da insónia
Podíamos ser a chuva,
sobre a tua pele de Inverno
Podíamos ser a Primavera
nãos mãos de uma criança
Como as andorinhas…
Nos lábios de uma menina.
Podíamos ser o vento que
enfeitiça o teu cabelo
Podíamos ser o poema, a
carta escrita sem remetente
Quando o destinatário,
não lê a carta escrita sem remetente.
Podíamos ser a seara num
qualquer parque infantil, podíamos ser os meninos e as meninas que saltam à
corda,
No parque infantil.
Podíamos ser,
Um pedaço de espuma no
cume da montanha.
Estão tristes os teus olhos, meu amor.
Porque estão tristes os teus olhos, que tão lindos são os teus olhos, quando a tarde é uma lágrima que alguém esqueceu..
Gosto muito dos teus olhos que são estrelas vestidas de luz e de silêncio...
Procuro nos teus olhinhos de mar,
A paz e o silêncio de
estar,
Procuro nos teus lábios de
mel, a madrugada acabada de nascer,
Procuro nas tuas mãos de
fada, o sentido do meu ser.
Procuro na noite, o vento
do teu cabelo, quando o teu cabelo se esconde nos meus dedos fictícios…
Procuro, em ti, a vontade
de viver.
escrevo-te, acreditando que mergulhas neste sentido diário,
que procuras nestas
palavras, o silêncio nocturno do infinito,
escrevo-te sentindo tudo
isso, tudo aquilo que procuro, que lanço contra o mar
depois o vento é um
pedaço de desejo
que balança o teu cabelo
nas tardes de insónia.
escrevo-te, acreditando
que o sonho a luz dos teus olhos…
quando o pôr-do-sol é um
pincelado beijo,
das estrelas sem noite.
Uma laranja.
Metade de meia-laranja
Outra laranja e meia
Mais meia,
Meia laranja.
Metade de mim é laranja
Outra metade é
Poesia
Da metade da meia laranja
Há duas metades, metades
de laranja
Outra metade me absorve,
E inventa na escuridão,
O medo
Da laranja.
Metade da metade daquela
outra metade da laranja
Coisas em pedaços
Pedaços em metades,
De uma laranja.
Uma laranja, outra
laranja.
SIGN YOUR NAME
Uma metade que se apodera
da outra metade
E a aprisiona na metade,
da metade, da laranja.
Serei eu, uma laranja?
Uma LADY-metade-laranja
Uma laranja sifilítica, abstracta da laranja
Quando uma das metades,
Já não é uma laranja.
O veneno será uma laranja?
E a corda do enforcado?
Será ela filha da laranja…
Perco-me dentro desta laranja. SLAVE
TO
LOVE
E a laranja morre nas mãos da outra metade da laranja.
NO SON OF MINE
Rádio katrapilar.
São 03:20 horas,
o maquinista já acordou, está bem disposto,
o mar está calmo, a noite
silencia-se e eu, também me silencio, em cada pedra-pomes deste complexo
universo de pertencer ao não preenchível, quando deste corpo, amanhã será uma
jangada de vinho.
Mesmo hoje, sabendo que as
árvores que sombreiam esta rádio, são pedaços dos teus olhos
Veneno
São palhaços
Na tua boca
O desejo
De ser
Quando o tolo
Não pertence
Ao primeiro júbilo da
aurora.
Mesmo ontem, que já foi
hoje
Que amanhã
Será ontem novamente
Nas tuas finas mãos de
puro adormecer,
É firme, a rocha canelada
do teu cabelo
Que ensanguenta a maré.
É puro, o destino curvilíneo
do desejo
Desejando não intervir
nas lutas e revoltas do povo
Sou agreste
Sou livre
E voar contra o destino
É o meu emprego,
Desde criança.
Que se fodam os
organos.